30 de maio de 2007

Clodovil para presidente

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Não boto a mão no fogo por político nenhum. Mas se a mídia continuar dando linha para essa estratégia de jogar lama em todas as instituições públicas: Presidência, Congresso, Senado, PF, FAB, nas próximas eleições seremos representandos apenas por Clodovis. Clodovil presidente da República, Clodovil Senador, Clodovil Deputado, e por aí vai.

Pegadinhas globais

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E só agora vi a capa do Globo de hoje. Incrível. Renan diz não ter provas, é o manchetão. Notícia já furada. Renan entregou as provas hoje para o Romeu Tuma. Ah, que coisa, eu aqui defendendo o Renan, mas enfim, acho que o Renan pode até ter culpa no cartório, mas esse cerco midiático tá me cheirando a mais um putsch político do que tentativa real de saber a verdade ou informar bem os leitores.

A Veja, sempre ela, não trouxe prova nenhuma. Cabe ao acusador apresentar provas, não ao acusado. Outra, os fotógrafos tentaram tentaram e conseguiram uma foto bem estranha, com Renan à frente e Lula ao fundo. Claro, Renan paga pensão à uma filha fora do casamento e a culpa é de Lula, como aliás todos os males, inclusive a prisão de ventre do Arnaldo Jabor, tudo é culpa de Lula. Daqui a pouco o Globo vai dar manchete: aumentam casos de prisao de ventre no Brasil - e estampar uma foto de Lula.

Outro título na capa do Glob: Escândalo derruba segundo da PF. Agora estão procurando desmerecer a PF. É mais uma pegadinha global. Porque um título mais informativo seria: PF faz limpeza interna, ou algo assim, que é justamente o que se trata. A operação Navalha, para quem não sabe, tem como um dos objetivos principais, pegar graúdos da propria PF, corruptos infiltrados na propria corporação. As investigações foram conduzidas pelo setor de contra-inteligência da PF, ou seja, pela elite da elite da PF. Isso a Globo não informa. A gente tem que ficar martelando aqui o tempo todo. E nao se trata de escandalo nenhum, e sim de resultados de investigaçoes, conduzidas pela propria PF, que apontam vazamento de informaçoes por parte de alguns delegados. Usar o termo escandalo é so para fazer sensacionalismo barato.

Globo tenta criar clima de terror no país

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Cuidado! Tem urucubaca braba no ar. Agora a estratégia destrambelhada do Globo e Cia agora é criar um clima de terror. O culpado de tudo, naturalmente, é o Lula. Chutando Lula pra fora do Planalto, tudo voltará ao normal. Não haverão mais acidentes aéreos, nem balas perdidas, nem crises, nem problemas de corrupção (claro, a PF não vai mais trabalhar). Tudo isso para quê? Para botar fogo naquelas palhaçadas de CPI do Apagão, que tem no Congresso, no Senado, no banheiro dos Marinho, e sei lá mais onde… Ridículo. O pior é que a estratégia tem resultado. As senhoras e senhores de bem ficam realmente todos assustados, produz-se no inconsciente coletivo um grande mal estar.

Vejam a matéria abaixo. A Globo prefere dar crédito a uma interpretação idiota de um papo entre pilotos de avião do que à Força Aérea Brasileira para dar o título “aviões da Gol e TAM quase colidem” e iniciar a matéria como vocês vão ver.


Gravações indicam que aviões da Gol e TAM quase colidem em Atibaia
Publicada em 30/05/2007 às 14h55m
O Globo Online, CBN
SÃO PAULO - Dois aviões quase colidiram no ar na região de Atibaia, a 59 km de São Paulo, no dia 22 de abril passado, segundo gravação obtida com exclusividade pela Rádio Jovem Pan. As duas aeronaves estavam em procedimento de subida. Uma delas fazia o vôo 1696 da Gol, que seguia de Campinas para o Rio de Janeiro, a outra fazia o vôo 3274, da TAM, que decolou de Congonhas para Ribeirão Preto, no norte paulista. O choque só não ocorreu porque os dois pilotos estavam com o TCA ligado. A Aeronáutica, no entanto, nega que tenha havido risco para os passageiros. A instituição diz que uma das aeronaves teve de fazer uma manobra de emergência por causa de condições meteorológicas.

http://oglobo.globo.com/sp/mat/2007/05/30/295956759.asp

Mais sobre a trama

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"O ônus da prova é de quem acusa – ainda mais quando o acusador é um órgão de imprensa." Luiz Weis em 30/5/2007 às 10:01:41 AM

Ler matéria completa.

Um pouco sobre a Italia

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Aconteceu um crime horrivel em Perugia. Uma mulher gravida de oito meses, com dois filhos pequenos, foi morta a facadas em sua casa. Os moradores acusaram os estrangeiros, sobretudo os imigrantes romenos e albaneses, paises que, apos seu ingresso na Uniao Europeia, tem exportado continuamente gente para Italia e outros paises europeus.

Os "homens ativos" da cidade disseram que iriam se organizar para combater os imigrantes. "Basta! Agora vamos reagir", declararam.

Houve uma eleiçao para prefeitos, ha poucos dias, e a direita, que sempre lucra quando cresce o xenofobismo, ganhou em toda Italia. Pois bem. Hoje sai em todos os jornais que o assassino era o marido. Os imigrantes nao tinham nada a ver com o crime. O marido espancava a mulher desde que se casaram. Batia tambem nos filhos. Ameaçava continuamente a esposa. Descobriram que o crime foi cometido muito cedo (22 horas) para ser um furto, e que os indicios de latrocinio foram forjados pelo marido para enganar a policia.

Coisas da vida. Coisas da Italia.

Suicidio no Japao, que babaquice

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Mais uma vez, todo mundo fica admiradissimo com o Japao porque um politico graudo, acusado de corrupçao, cometeu um harakiri. Eu nao. Acho uma tremenda babaquice o cara se matar por causa disso. Nao que eu considere a corrupçao uma vergonha menor, ou um crime menos hediondo. Ao contrario.

Achava muito mais corajoso, porém, o cara confessar o crime, dizer porque fez aquilo, ser preso e escrever um livro sobre os motivos que o levaram a ser corrupto. Nao sou contra o suicidio, em principio. Se o sujeito quer dar cabo da propria vida, tem todo o direito. Em alguns casos, é até uma forma elegante de morrer. Mais livre, digamos. O individuo escolhendo a hora de cair fora desta vida ingrata.

Todavia nao vou ficar babando ovo de japones porque se mata. Dizendo: oh, o Japao é um pais sério porque se o sujeito cagar fora do pinico, se mata. La no Japao, to sabendo, até criança se mata. Eh o unico pais do mundo com suicidio infantil, por causa da pressao absurda que fazem nos guris, para eles passarem de ano, tirarem boas notas, etc. Ta ta, nao sou contra estudar, claro, mas fazer pressao a ponto de induzir uma criança a se matar, é demais. Tenho admiraçao pelo Japao, por eles serem tao ricos num pais tao pobre de recursos, mas sinceramente, prefiro muito mais o meu Brasil pobre e de bem com a vida do que esse Japao angustiado, arrogante, que pensa que resolve as coisas se matando.

Livros na fila

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O sujeito na foto é Philip K. Dick, autor americano de ficçao cientifica. Seus livros inspiraram filmes como Blade Runner, Minority Report, entre outros. Peguei dois na biblioteca. Depois digo que achei, mas sinto que vou gostar. Ele é um classico da science fiction.

Tenho gostos ecléticos. Gosto de poesia beat, neo-realismo italiano, livros de ficçao cientifica (Asimov, por exemplo), politica, discussoes sobre religiao e comportamento, literatura policial (li recentemente a Dalia Negra, de James Elroy. Muito bom), Faulkner, Bob Dylan, Martinho da Vila, cerveja brasileira, uisque, andar de bicicleta escutando ipod, ler jornais. Queria que o dia tivesse 60 horas para eu ter tempo de fazer tudo que gosto.

29 de maio de 2007

Palhaçada tem limite

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Vejam só essa notícia, volto em seguida.

CPI da Câmara critica CPI do Senado sobre Apagão Aéreo

Publicada em 29/05/2007 às 15h05m
Isabel Braga - O Globo; Agência Senado; Agência Câmara

BRASÍLIA - A CPI do Apagão Aéreo da Câmara reagiu nesta terça-feira às declarações do relator da CPI do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), que atribuiu ao sargento Jomarcelo Fernandes, controlador de vôo do Cindacta 1, a responsabilidade pelo acidente com o Boeing 737-800 da Gol. Segundo Demóstenes, o controlador do Cindacta de Brasília teria cometido uma falha decisiva para o acidente, que matou 154 pessoas em setembro do ano passado. Os pilotos do jato Legacy também teriam contribuído para a colisão. O presidente da Comissão na Câmara, Marcelo Castro (PMDB-PI), discordou da posição de Demóstenes sobre a culpa dos pilotos americanos, e o relator Marco Maia (PT-RS) disse que "declarações bombásticas" não ajudam a investigação.

- Os pilotos podem até ser responsabilizados por terem desligado o transponder e terem ficado sem contato com a torre, mas não tiveram culpa de voar a 37 mil pés - disse Castro.


Que espécie de palhaçada é essa, héin?! Parlamentares, sem noção alguma de técnicas de investigação, ficam trocando suas opiniões desastradas sobre uma tragédia que matou 154 pessoas. Isso que dá o Congresso continuar sendo pautado e manipulado pela mídia. Em vez de deixar que o tal acidente continuasse a ser investigado, como vinha sendo, pelos órgãos competentes, os parlamentares, que não tem nada de melhor para fazer (lutar contra o desemprego no Brasil, por exemplo), vem nos encher o saco com suas discussões inócuas, totalmente tendenciosas, sobre o acidente da Gol.

Filosofando com uma leitora

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Dante Milano falava o seguinte: a poesia não existe, existe o poeta. Lembro desta frase para responder a uma querida leitora deste blog, que comentou um dos posts abaixo dizendo assim: "alguém ainda acredita que o país tem jeito? Eu não".

Pois é, o que está errado é esta forma de pensar. Por essas e outras que tenho orgulho do pouco de leitura de filosofia que tenho. O Brasil não existe, existem os brasileiros. E os brasileiros têm jeito, tem sim. Um país que produziu artistas tão impressionantes como Noel Rosa, Dante Milano, Drummond, Garrincha, Martinho da Vila, para só falar de alguns e dos mais consagrados, é um país que tem jeito sim. Todos os países do mundo tiveram e têm problemas com corrupção. Isso não é privilégio do Brasil, e outros países têm níveis de corrupção muito piores. E o fato de nossa Polícia Federal, nosso Ministério Público e a Justiça, estarem pegando gente graúda, representa um passo muito importante, uma coisa que talvez nunca se tenha visto antes no Brasil. Talvez o que vemos agora pudesse ter ocorrido há 20 anos atrás, não fosse a nossa democracia ter sido solapada em 1964 pelos militares, com apoio da mesma imprensa que hoje reclama das ações da Polícia Federal e tenta lançar fumaça sobre o seu significado e consequencias. Essa fumaça gera confusão na sociedade, que, em vez de ver um aspecto positivo nas operações da PF, fica apenas perplexa com o grau de corrupção revelado pelas investigações.

Não sei se o Brasil tem jeito. Não sei se o mundo tem jeito. Mas também não sei direito o que é o Brasil. Não sei direito o que é o mundo. Não sei direito o que significa ter “jeito”. Estou apenas filosofando, não se assuste. Há tempos que penso que eu não tenho jeito.

Como dizia Raul Seixas, em Checkup Geral: “e a chuva promete não deixar vestígios”.

E termino o post reproduzindo um poema do Milano:

POEMA DO FALSO AMOR

O falso amor imita o verdadeiro
Com tanta perfeição que a diferença
Existente entre o falso e o verdadeiro
É nula. O falso amor é verdadeiro

E o verdadeiro falso. A diferença
Onde está? Qual dos dois é o verdadeiro?
Se o verdadeiro amor pode ser falso
E o falso ser o verdadeiro amor,

Isto faz crer que todo amor é falso
Ou crer que é verdadeiro todo amor.

Ó verdadeiro Amor, pensam que és falso!
Pensam que és verdadeiro, ó falso Amor!

Nova palhaçada midiática

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Definitivamente, a mídia pirou. Tanta fome, violência, corrupção no país e a grande preocupação nacional agora é saber quem pagou uma pensão, há mais de 10 anos, para uma filha fora do casamento do Renan Calheiros. Vou dizer uma coisa: nunca fui com a cara do Calheiros. Mas não sou bobo. O que a mídia quer não tem nada a ver com ética ou moral. A mídia está novamente apostando na desestabilização política. Não tendo mais como atacar o Executivo, partiu para o Senado. Quer derrubar o Calheiros para botar em seu lugar alguma de suas marionetes da oposição. A mídia sabe que, com a oposição no comando do Senado, pode de fato morder fundo a canela de Lula, quem sabe até realizando seu sonho mais querido, um impeachment. De resto, continua a estratégia de lançar fumaça nas operações da Polícia Federal, através de mil e um artifícios. Mesmo não dando certo, sempre tem a função de impor uma agenda à imprensa, fugindo de temas como fome, violência, desemprego, e todos esses problemas que assolam a nação.

Mas a mídia é muito perigosa. De vez em quando, recebo críticas de alguns leitores, dizendo que não deveria perder tempo citando este ou aquele representante do jornalismo conservador, esta ou aquela publicação. Não concordo. Não cito este ou aquele porque o acho mais ou menos talentoso, mas porque integra uma rede de comunicação de massa, ou seja, com grande alcance de público e, além disso, possui representatividade na elite. Uma das funções mais importantes da blogosfera é justamente fazer a guerra de contra-informação. Citar fulano ou sicrano não significa que estou valorizando quem não merece, mas definindo precisamente quem são os meus adversários, porque o são e para quem estes adversários trabalham.

Também tem Bob Dylan

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Gosto cada vez mais da Radio UOL. Até Dylan!

28 de maio de 2007

Tipo de noticia que voce nao vai ler no imprensalao

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Privatismo de FHC instalou as máfias desmontadas por Lula

(Publicado em www.horadopovo.com.br)


Quadrilha de Zuleido começou a receber verbas da União em 1998, sendo que até 2002 foram liberados R$ 65.463.090,28 para a Gautama

O esquema posto em evidência pela Polícia Federal, com a “Operação Navalha”, não é diferente dos anteriores: dos vampiros & sanguessugas da Saúde, dos Valérios & Vedoins, dos bingos & banestados, e devem faltar aqui alguns que a memória não nos ajudou a lembrar. Em todos, a mesma coisa: esquemas ilícitos, corruptos, bandidescos, instalados durante os oito anos de governo de Fernando Henrique.

MÉTODOS

Voltaremos a essa originalidade – a única – do governo tucano. Por agora, basta lembrar os métodos administrativos fernandistas: aprovar medicamentos mediante comissões; superfaturar hemoderivados; escolher vencedores de concorrências de acordo com o suborno; dar propinas por obras; engraxar as relações do privado com o público; retribuir favores com regalos; usar fundos de pensão das estatais para alavancar fortunas de picaretas; passar informações privilegiadas; e mais um sem número de maneiras de expressar a mesma coisa: o negócio é se locupletar, e os que não se locupletam é porque são bobos ou incapazes. A honradez, a honestidade, o respeito ao que é de todos, ao que é público, é coisa de idiota. Não era assim que eles pensavam? Que tudo se resolve pelo “mercado” e tudo, por conseqüência, é uma questão de compra e venda - assim como, por exemplo, a prostituição é a versão mercadológica do sexo?

Portanto, não é espantoso que as quadrilhas e sub-quadrilhas sequiosas para roubar o Estado tenham abundado, e que os valérios e zuleidos - e até um especialista em serra elétrica, o deputado fernandista Hidelbrando Pascoal – fossem personalidades emergentes naquele governo.

Mas, vejamos o esquema agora descoberto – que não será o último, pois o governo Lula certamente continuará com sua limpeza das estrebarias de Áugias fernandistas.

A quadrilha de Zuleido Soares Veras, da empreiteira Gautama e das empresas Mandala, Ecosama e Silte, começou a receber recursos da União em 1998. Até 2006, a empresa recebeu, efetivamente, R$ 115,7 milhões. Por ironia do destino, a maior parte dos projetos agarrados pela Gautama era para a construção de unidades da Polícia Federal em diversos estados do país. Segundo o Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal), R$ 65.463.090,28 foram liberados para a Gautama entre 1998 e 2002 e R$ 50.278.921,98 entre 2003 e 2006, boa parte destes últimos referentes a emendas e licitações de antes do governo Lula.

A “Operação Navalha” é decorrente da operação “Octopus”, que tinha como objetivo apurar a ligação ilícita de policiais federais com empresários na Bahia. Essa operação foi frustrada pelo vazamento de informações, mas acabou por desaguar na quadrilha chefiada por Zuleido, que teve os seus passos monitorados por mais de um ano. A partir destas investigações, descobriu-se que Zuleido embolsava recursos públicos federais e de diversos estados da federação, tais como Alagoas, Bahia, Maceió, Maranhão, Mato Grosso e Sergipe, e não fazia as obras, ou as fazia parcialmente apenas. A investigação se amparou também em dados fornecidos pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que já havia identificado irregularidades graves nas obras sob a responsabilidade da Gautama. Um dos exemplos são as obras da Adutora do São Francisco, resultado de um convênio do governo Fernando Henrique com o de Sergipe, comandado na época pelo PSDB e, depois, pelo PFL. O custo inicial do projeto, em setembro de 2000, estava em R$ 110 milhões. Somente num dos itens analisados pelo TCU, o preço por metro do tubo de 1.000 mm, “o superfaturamento, até a data dos trabalhos de auditoria, é de R$ 6.261.707,48”.

Nas gravações feitas pela PF, Zuleido queixa-se ao deputado Paulo Magalhães de um parecer do ministro Ubiratan Aguiar. O deputado observa que o ministro combinou “fazer uma coisa” e fez outra. Zuleido relata que o ministro Augusto Nardes iria pedir vistas do processo, adiando a sentença, fato que aconteceu no mesmo dia.

A quadrilha, evidentemente, não ficou honesta com a mudança de governo. Procurou se adaptar para permanecer roubando o Estado. Como destaca a PF, quando seus cúmplices “deixam de ocupar os cargos, não apresentando mais qualidades que interessem à organização, são imediatamente descartados por ela, a qual se articula para abordar seus substitutos”. Completamente impune durante o governo de Fernando Henrique, continuaram a agir como se ainda estivessem nele, falando pelos cotovelos ao telefone e passeando sem inibição por repartições públicas de Brasília. Daí o vasto material – telefônico, informático, telegravado, ou até anotado em papel, à moda antiga – que a PF conseguiu coletar. Eles não estavam mais no governo Fernando Henrique. Por isso estão agora na cadeia.

Como essas quadrilhas surgiram? Por que proliferaram e se fixaram com tanta adstringência em estruturas do Estado? É sintomático que, antes, quem vivia jogando a pecha de corrupção sobre o Estado eram, precisamente, os que quando chegaram ao poder se mostraram os maiores corruptos e coiteiros de corruptos da História do país. Certamente, naquela época atribuíam a outros os seus próprios impulsos corruptos – o Estado brasileiro não era o que eles queriam também no que se refere à corrupção.

Os 8 anos de governo tucano instauraram a zona do meretrício como padrão de moralidade dos detentores de cargos públicos e, pior ainda, nas relações entre as instituições públicas e o setor privado. O que era a política do Estado durante o governo Fernando Henrique? Pura e simplesmente o assalto à propriedade pública, mediante obesas comissões – a isso chamou-se “privatização”. Nunca um presidente da República foi flagrado enquanto combinava com um assecla o favorecimento de um grupo, em detrimento de outro, na apropriação de bens públicos. Fernando Henrique foi o primeiro, durante a privatização do setor de telefonia.

PRIVATIZAÇÃO

A privatização tinha uma fachada legal. Não por acaso, os mesmos que ergueram essa fachada foram os primeiros a avacalhá-la, colocando-se fora da própria lei que engendraram, como se viu no caso das teles. Esse era a ideologia do governo: para ganhar dinheiro valia qualquer coisa - se apossar da propriedade pública, receber propinas, combinar negociatas, se vender em hasta pública. Se os ocupantes do Planalto assim agiam, por que outros aventureiros e negocistas iriam se conter, sobretudo quando seus apetites eram estimulados em qualquer setor da administração pública?

Em boa hora o governo Lula, e a PF, livre da manipulação fernandista, continuaram a colocar esses elementos deletérios na cadeia.

Absurdo carola ou pirraça infantil

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Dêem uma olhada como inicia essa matéria, volto em seguida:

“Lula contraria Igreja com planejamento familiar

De O Globo, hoje:

Contrariando a posição da Igreja Católica, que não aceita o uso de métodos contraceptivos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lança hoje, em São Paulo, o programa de planejamento familiar que prevê, entre outras medidas, a venda de anticoncepcionais com 90% de desconto nas farmácias credenciadas pelo programa Farmácia Popular. Com o desconto, as cartelas de anticoncepcionais serão vendidas a R$ 0,40. Além disso, haverá um aumento de 125% na oferta dos contraceptivos distribuídos gratuitamente em postos de saúde.

*

Qual o problema com o Globo? Agora virou boletim católico? Contrariado a posição da Igreja? Que entra a Igreja nesse caso? È uma questão nacional, muito maior que a opinião efêmera do Papa de plantão. O Globo primeiro aparece com uma série de matérias nitidamente contra o aborto. Agora é também contra métodos contraceptivos? Cadê o laivo de liberalismo que possuía o Globo, Deus meu? Quando eu acuso o Globo de ser Opus Deis, minha crítica é irônica, incrédula. Começo a crer, no entanto, que realmente o Globo está dominado pelo Opus Dei. Mas não é possível. Ou será que, apenas porque o governo inicia um programa de incentivo à contracepção, o Globo, num cálculo maquiavélico, sabendo que a maioria do país é católica, procura opor, mais uma vez, governo e Igreja Católica? É uma incongruência sem tamanho, porque todas filhas, sobrinhas, namoradas, amantes e esposas dos jornalistas, donos, empregados e atores das Organizações Globo, usam contraceptivos para engravidarem somente quando desejam. Já lemos, em milhares de colunas, assisitmos em dezenas de programas, loas ao grande avanço e símbolo de liberdade que os contraceptivos representaram para as mulheres e para as famílias. E agora, o Globo, em vez de fazer um editorial elogiando a medida do governo, começa um artigo assim: “Contrariando a posição da Igreja Católica…”. A atitude da mídia está ficando infantil. Fazendo pirraça, que papel. Mas o caso é muito grave, porque estão em jogo políticas públicas que podem, de fato, mudar a realidade social brasileira. É assim que se muda um país, não com discursos vazios sobre a ordem, a moral e a disciplina, como faz a direita. Não com discursos ocos contra o imperialismo e contra o Tio Sam. Se muda um país com políticas públicas. Mas a imprensa é o quarto poder numa democracia, e precisa assumir a sua grande responsabilidade com mais seriedade. Ridículo.

Rosa e Denser

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Bem, vim aqui para sugerir a audição dos discos do Noel Rosa, na Radio UOL, e ler o último artigo da Marcia Denser. Denser lembra que, enquanto a polícia de Lula está prendendo políticos e corruptos, juízes venais e empreiteiros corruptores, a polícia de Serra foi enviada para meter o cacete nos estudantes da USP, os mesmos que passaram no vestibular mais concorrido do país. Ou seja, a direita paulistana fica cada vez mais caricatural, com seu ódio crescente por qualquer coisa que cheire a protesto. Quer uma democracia sem povo, sem sindicatos e agora, sem estudantes.

27 de maio de 2007

Nem tão Virgem Maria

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Ela chegou tarde
Me encontrou dormindo
Uma garrafa de uísque semi-vazia
jogada num canto
Um livro pousado no peito

Não me acordou,
invadiu-me o sonho
e beijou-me o rosto
Abrindo os olhos
Não vi ninguém
apenas senti o perfume
Doce de sua passagem
Pelo meu planeta

Ainda longe

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Prezados leitores, ainda estou fora do país. E com muitas saudades. Mas tem sido importante essa minha temporada fora, justamente para observar o Brasil de longe, ver qualidades que antes não via. Estou na Itália há alguns meses. Vim acompanhar minha esposa, que trabalha com turismo e precisava aprender italiano. Aproveitei para aprender também. Não sou nenhum playboy milionário. Se o fosse, aproveitaria muito bem as circunstâncias. Continuo trabalhando normalmente. Como faço tudo pela internet, não muda nada onde estou. A diferença é o custo de vida, milhões de vezes mais alto por aqui, mas minha mulher é esperta e já arrumou trabalho num restaurante e assim a gente vai tocando a vida.

Não tenho escrito nada sobre a Itália, mas tenho acompanhado os jornais daqui, principalmente o Corriere della Sera. È interessante ver que a Itália tem problemas que nós brasileiros, com nosso complexo de terceiro mundo, achamos ser nosso privilégio. Recentemente aqui ocorreu um caos aéreo, por exemplo. Talvez não tenha sido tão grave como o nosso, tudo bem, mas aconteceu. Agora em Nápoles, está acontecendo uma coisa incrível, uma crise de lixo. Toneladas de lixo acumulam-se nas ruas, em Nápoles e cidades vizinhas. Os jornais publicaram uma pesquisa, recentemente, que me lembrou muito o Brasil, sobre a falta de confiança da população na classe política. Tenho escrito a mão, num caderno, contos e poemas, e estou lendo Alberto Moravia, Dante e alguns poemas de Leopardi. De literatura moderna italiana, ainda não achei nada que preste, tirante os que “querem” ser modernos através de experimentalismos óbvios e cansativos.

Volto ao final de julho. Abraço em todos.

25 de maio de 2007

A Radio UOL também tem os discos do Tom Waits

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Incrivel, essa Radio UOL. Até o Waits esta la. Bom para gente, como eu, com dificuldade de pagar mais de 40 pilas por um CD.

Uma boa do Fernando Soares

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O poderoso mantra da Gautama

Fernando Soares Campos

O Brasil é, como o presidente Lula deixou bem claro para o sumo pontífice da Igreja Católica, um Estado laico, portanto não se deixa influenciar por qualquer poder religioso. A Constituição Federal garante a liberdade de consciência, de religião e de culto a todos, em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos do Homem. No nosso país ninguém pode ser prejudicado, perseguido, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever por causa das suas convicções ou prática religiosa. Baseados nesses preceitos constitucionais, ministros do STF e do STJ expediram alvarás de soltura em favor dos adeptos da seita Gautama, que se encontravam recolhidos em retiro nas carceragens da Polícia Federal desde a semana passada, vítimas de supostas perseguições religiosas, talvez devido à influência da visita do Papa ao Brasil

A Gautama é uma seita que aceita os princípios, os meios e os fins afínicos, a fim de se alcançar o Nirvana, a extinção definitiva do sofrimento humano, através da sublimação das verbas públicas. Trata-se de uma dissidência do budismo oriental: enquanto este prega o apego ao desapego a bens materiais, aquela prega o desapego ao desapego. Trata-se, portanto, de uma complexa e profunda filosofia, que vai fundo aos fundos de financiamento das sagradas obras do estado, influenciado pelo cristão espírito franciscano: "É emendando que se recebe".

Os noviços da Gautama são os VVVV's, ou "tetravês", como também são carinhosamente conhecidos os velhos velhacos viciados em vigarice. São seguidores do guru Zuleidho Soh Hares, cabra-macho paraibano radicado numa paradisíaca mansão na Bahia, fundador da seita que ceifa os recursos públicos. Zu (para os íntimos) é hoje considerado o protestante do Budismo tradicional. Ao contrário de Lutero, que não aceitava que se pagasse por indulgências, o guru dos gautamistas acredita que qualquer dos seus discípulos pode comprar o perdão, quando estiver sendo julgado pelo Tribunal Faz-de-Conta da União. Para isso, basta o fiel seguidor da seita praticar a corrupyoga. O método é simples: o corrupyogue senta-se em posição de lótus, concentra-se, mentaliza o número correto e liga para o celular do deputado responsável pelo contato com o ministro que possa transferir o seu dia do juízo para outro mês, ano e década, até a poeira cósmica baixar. "É um momento sublime!", garante Zuleidho. "Porém isso só acontece quando você consegue fazer levitar uma pesada propina", adverte.

O Mimo (Mosteiro da Integração das Minas Orgiásticas) é um dos misteriosos monastérios da Gautama e é lá que se encontra o segredo "Luz para Todos", que se baseia no ensinamento maior: "Pé e mão grande na estrada e na ponte que liga todas as verbas às nossas contas". Mimosos são os que professam essa Ordo Sancti, cujo abade é o mestre do primeiro grau Silascou Rhou Bandhu. Alguns dos membros dessa Ordem ainda se encontram enclausurados na PF, conforme é conhecido o local sagrado onde meditam os Penitentes a Ferros.

Nos últimos tempos, a seita Gautama tem conseguido arregimentar prosélitos em todo o país, principalmente em Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão, São Paulo e no Distrito Federal. Acredita-se que, em Alagoas, a Gautama mantém uma prelazia, a Guabirhus dha Merendha, culto religioso que atuou naquele estado durante muitos anos.

O mais poderoso mantra dos gautamistas é: "Om mano, se tutare deboh beirah, thoma lah dhez pehr centi", uma versão falada do sânscrito. Esse mantra é secularmente utilizado por diversas facções religiosas, sendo o preferido dos organizadores dos jogos eletrônicos e do bicho que pegou (carinhosamente conhecida como máfia dos bingos), cujo lema é "vale o sânscrito".

Ommm... Ommm... Omi, tu ti fu!

http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=591

24 de maio de 2007

Relaxe

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Escutando Martinho da Vila. Aqui.

Os hipocritas subiram no telhado

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Os mesmos que, há pouco, bradavam contra a chaga corrupção; os mesmos que, há dias, elogiavam a ação da Polícia Federal como uma das maiores derrotas inflingidas às históricas organizações criminosas do país, agora vêm a público repercurtir a estranhíssima queixa de certos setores nacionais contra os métodos da mesma PF para desbaratar as ditas quadrilhas.

Vejam a contradição. A PF conseguiu desbaratar as quadrilhas, que agiam há décadas, desviando bilhões dos cofres públicos, e com isso (as quadrilhas) sendo co-responsáveis pela miséria e sub-desenvolvimento da nação. E a mídia golpista agora vem lançar sombras sobre os métodos bem-sucedidos, acusando-os de lembrarem a ditadura militar, deslavada mentira. Na época da ditadura, não se prendiam corruptos. Prendiam políticos, ou subversivos, segundo o jargão do tempo. As ordens de prisão partiam diretamente do Executivo. Hoje, os métodos são aprovados pelo Judiciário. Ou seja, o Estado de Direito está preservado. Muito curioso que a mídia repercuta, acriticamente, o protesto de advogados contra a invasão de escritórios jurídicos suspeitos de corrupção. Quando a Polícia de São Paulo, por exemplo, sem nenhuma autorização judiciária, matou mais de 600 pessoas durante a guerra entre o Estado e o PCC, os mesmos advogados e a mesma mídia não acusaram nenhuma semelhança com a ditadura militar, nem repercutiram com a mesma intensidade as queixas das organizações de direitos humanos, nacionais e internacionais, contra a matança de inocentes, a maioria negros e pobres, da periferia paulista.

Vale lembrar que, recentemente, a Anistia Internacional, denunciou setores radicais da imprensa brasileira, de patrocinarem um clima de violência por parte do poder público, para dar solução a problemas de insegurança cujas causas e origens remontam há décadas de omissão e descaso. É a velha história. Acusam-se as organizações de direito humanos e a esquerda de querer proteger criminosos, quando o que ocorre é que segmentos importantes da sociedade acreditam, muito lucidamente, que a matança de inocentes, com o pretexto de combater o crime, não apenas não dá resultado, como provoca, por parte das populações que sofrem o assédio deste discricionário poder policial, uma revolta contra a própria autoridade constituída, conduzindo a um aumento da criminalidade. É interessante que a Anistia Internacional denunciou especificamente “setores radicais” da grande imprensa brasileira. Com isso, estaria citando exatamente jornalistas como Noblat, Reinaldo Azevedo, e a linha editorial de jornais como Globo, Folha e Estadão.

O cinismo com que a mídia, no momento, está digerindo e vomitando as notícias sobre a operação Navalha, da Polícia Federal, é algo a ser ensinado aos filhos, a ser alertado aos alunos pelos professores, a ser denunciado continuamente pela blogosfera. A tentativa de confundir o público é algo inacreditável. O governo deflagra uma das maiores operações de combate à corrupção da história do país, prendendo gente graúda que nunca antes fora sequer tocada, atingindo ministros, juízes, altos funcionários estatais e mega-empresários, e a mídia, que até há pouco se pretendia o farol da moralidade, agora não apenas se nega a louvar e apoiar publicamente as ações, como inicia uma estratégia de contra-informação incrivelmente maquiavélica, procurando associar, sempre que possível, o governo à corrupção que ele combate.

A verdade é que a corrupção, definitivamente, não é um mal brasileiro, mas uma chaga antiga das sociedades organizadas. Está associada, especialmente, às organizações estatais. Sêneca, um dos maiores escritores latinos da Antiguidade, ensinava, em Cartas a Lucílio, que a corrupção não era um mal contemporâneo, lembrando que mesmo no tempo em que os maiores moralistas latinos, como Catão, vociferavam contra este mal das tribunas de Roma, a então república sofria com escandalosos processos que envolviam juízes, senadores e grandes empresários.

De vez em quando, leio meus inimigos. Eles me divertem e, irritando-me, inspiram-me. Estou acompanhando, por exemplo, as ações dos estudantes uspianos contra os decretos do Serra e a repercussão na mídia. Reinaldo Azevedo tem se revelado um dos mais furiosos adversários dos estudantes. Por mim, estou do lado deles. Acho muito bonito esse renascimento do movimento estudantil universitário paulista. Bonito e importante para a democracia brasileira. Eles mostraram que existem, que têm opinião, que precisam ser ouvidos. Conquistaram os sindicatos de professores e funcionários, que agora se alinham decididamente a seu lado. Azevedo destila preconceito indescritível. Atacando um professor que escrevera um artigo sobre a situação, diz que o sujeito é diretor de um sindicato, e só se consegue sê-lo “sendo petista”. Ou seja, Azevedo nem sabe se o sujeito é petista, o que não teria nada demais, visto que o Partido dos Trabalhadores é um partido legalmente constituído, o maior partido do Congresso Brasileiro (portanto legimitado democraticamente por dezenas de milhões de eleitores), além de ser o partido do presidente da República, eleito com mais de 60 milhões de votos, mesmo assim ele ataca o sujeito dizendo que, para alçar uma posição num sindicato, ele necessariamente precisa ser petista. Azevedo e outros como ele, quer um capitalismo metafísico, existente apenas na cabeça lunática deles, sem sindicatos, sem protestos de trabalhadores, sem organizações que defendam os interesses dos trabalhadores. Esse tipo de gente adora falar mal do Brasil, acusando indigência na intelecutalidade brasileira, sobretudo na esquerda, mas são eles que constituem uma direita primitiva, pré-revolução industrial, que se recusa a compreender que um capitalismo sadio pressupõe trabalhadores que ganham bem, formando assim uma massa de consumidores que impulsiona o desenvolvimento economico. Recusa-se também a ver que, nos países desenvolvidos o Estado tem vastos programas sociais, e que estes programas, ao evitar a indigência, evitam a proliferação da criminalidade e ajudam a injetar capital na economia.

Mas o que eu queria falar era sobre a citação que Azevedo faz de Pasolini. O grande cineasta italiano escreveu uma vez (ele era colunista do Corriere de la Sera, os jornais europeus davam espaço para a pluralidade) um artigo muito polêmico e muito bonito, em que defendia os policiais que combatiam as manifestações estudantis. Azevedo cita este artigo, para atacar os estudantes e defender os policiais que estão sendo enviado para desalojá-los. Mas o descontextualiza e o distorce totalmente de seu objetivo. Pasolini não defendia a repressão violenta. Nunca o fez. Ele dizia o óbvio. Pasolini procurava evitar que os estudantes e a esquerda direcionassem seu ódio para o alvo errado. Erro que poderia gerar mais violência e, eventualmente, morte de inocentes, nos dois lados. E o fez num caso específico, em que o governo mandou policiais reprimirem as manifestações estudantis do final dos anos 60. Os culpados não eram os policiais, dizia Pasolini, mas seus chefes, as autoridades que obrigavam os policiais a combaterem jovens idealistas e bem intencionados, embora não necessariamente certos na forma como agiam e pensavam.

Absolutamente ridículo Azevedo citar Pasolini, um socialista fervoroso, um homem orgulhoso de ser esquerda e defender os princípios mais fundamentais da esquerda européia, sempre se posicionando ao lado dos trabalhadores e contra a frieza e crueldade da economia de mercado, sempre criticando a burguesia e os meios de comunicação de massa. Absolutamente ridículo, enfim, Azevedo citar Pasolini para atacar os estudantes paulistas. Pasolini estaria ao lado dos estudantes. Estaria contra o governo Serra, certamente. Obviamente, seria um adversário poderoso de gente como Azevedo, proto-fascista travestido de defensor de economia de mercado; falso adepto da democracia, visto que não respeita os códigos éticos que a democracia supõe, pelo menos entre jornalistas com espaço na grande imprensa, entre eles o respeito aos partidos constituídos e um mínimo de imparcialidade no julgamento dos fatos políticos; e inominável hipócrita, mais um dos que gritavam pela ética e agora, que os fundamentos da grande e histórica corrupção começam a tremer diante da ação da PF, preferem omitir o seu apoio ou participar da trama que visa confundir o público quanto ao significado político e histórico da Operação Navalha.

Muitos se perguntam as razões que levam os donos e os representantes da grande imprensa a adotar tal atitude. Desespero, preconceito e fanatismo ideológico são as respostas. Com isso, rodeam-se de imbecis, ingênuos e mau intencionados, que se deixam levar facilmente por suas artimanhas. Com isso, portanto, caminham rapidamente na direção do abismo. Com prazer, eu os ajudaria, dando um empurrãozinho, fazendo-os cair no vazio, na lixeira negra da história.

23 de maio de 2007

Boa dica de literatura

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Realmente, nao ha deserto de literatura... Ha talvez o deserto da realidade, para o qual estamos sempre voltando. Leiam a revista Muro.

21 de maio de 2007

Juliano Guilherme prepara exposiçao

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O meu camarada Juliano Guilherme, um dos maiores artistas plasticos que conheço, esta preparando exposiçao na galeria Candido Mendes, no Rio de Janeiro. Em breve, divulgarei mais destalhes. Abaixo, trecho de um texto que escrevi sobre o cara:

Os trabalhos de Juliano Guilherme, grandes telas à óleo com formas exuberantes e misturas insólitas, causaram-me uma profunda impressão desde o primeiro momento. Tornei-me seu amigo e passei a acompanhar de perto seu trabalho. Tivemos longas discussões sobre a função espiritual & social da arte, planejamos manifestos, elaboramos projetos de revistas especializadas, conspiramos. Percebi que Juliano é um artista de luta, um idealista, um romântico incurável. Que compreende a importância da arte p/a construção de uma subjetividade mais forte, mais livre. Sua arte não visa transmitir nenhuma mensagem racional. Não impõe conceitos ou ideologias. Seu objetivo, se o tem, é produzir beleza, uma beleza estranha, dissonante, irregular. Suas pinturas são densas, no sentido de concentrarem um rico e variado conjunto de elementos. Essa generosidade é, aliás, uma das marcas registradas do “estilo maximalista”, neologismo que usa (meio jocoso mas ao mesmo tempo, sério) para designar uma tendência das artes que faz uso do transbordamento, em seu discurso estético. Juliano produz uma obra que, sem tirar os pés do chão duro da realidade, projeta a fantasia na direção de possíveis infernos, impossíveis paraísos, e vice-versa.

20 de maio de 2007

Inferno · Canto I

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Nel mezzo del cammin di nostra vita
mi ritrovai per una selva oscura,
ché la diritta via era smarrita.

Ahi quanto a dir qual era è cosa dura
esta selva selvaggia e aspra e forte
che nel pensier rinova la paura!

Dante Alighieri

19 de maio de 2007

Isso é muito ridiculo (Veja fazendo propaganda de Serra)

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Veja 5 – O crime na mira de Serra

Por Rafael Corrêa:
Uma das vergonhas nacionais é o fato de bandidos continuarem agindo de dentro dos presídios. De sua cela, líderes de facções planejam assaltos, ordenam assassinatos e comandam rebeliões como as que levaram o caos às prisões paulistas há um ano. É óbvio, portanto, que uma das melhores formas de combater a criminalidade é tornar mais rigoroso o sistema prisional. Foi o que fez o tucano José Serra desde que assumiu o governo do estado de São Paulo. As evidências e os dados de inteligência recolhidos pela polícia mostram que o governo conseguiu retomar o controle dos presídios antes assolados pela indisciplina e dominados pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC. O resultado é que, de janeiro até abril deste ano, não ocorreu nenhuma rebelião e o número de fugas caiu 33%. A palavra de ordem de Serra é disciplina – todo preso que comete uma falta, seja o uso de celular, seja a agressão a um funcionário, deve ser investigado. E, se for o caso, punido com a perda de benefícios, como a progressão de pena, conforme prevê uma lei que parecia esquecida. Com isso, o número de processos administrativos cresceu 48% na média mensal em relação a 2006. Para acabar de vez com a impunidade, o governo montou uma rede, dentro dos presídios, para identificar as lideranças e provar sua responsabilidade naquilo que acontece de errado.

A tolerância anda próxima do zero. Um exemplo: no fim de fevereiro, alguns presos fizeram uma "greve branca". Recusaram-se a comparecer a apresentações judiciais ou a trabalhar nas oficinas das penitenciárias. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), encarregada de administrar o sistema prisional paulista, não houve nenhum incidente grave durante o movimento. No entanto, como o protesto dos presos, mesmo sendo pacífico, pode configurar uma infração, a SAP instaurou 2 193 processos para determinar se os presos serão punidos com a perda de benefícios. As providências não param por aí. Enquanto não são construídas novas unidades, o governo estadual se encarrega de diminuir as complicações decorrentes da superlotação. Os presídios que tinham regime semi-aberto e fechado foram reestruturados para abrigar somente um tipo de regime. Isso evita que presos do semi-aberto funcionem como fonte de informações e contrabando para os detentos do fechado. Os dezenove presídios avariados durante as rebeliões do ano passado passaram por reformas. Três deles, que foram totalmente destruídos, como o de Araraquara (veja fotos e quadros nestas páginas), tiveram sua segurança e capacidade ampliadas. O resultado são 4.500 novas vagas no sistema.

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Ridiculo demais. Falta de vergonha na cara. A revista nao tem nem mais cuidado de fazer uma matéria com algum aspecto critico. O governo Serra nao adotou nenhuma das medidas modernas que o primeiro mundo vem fazendo no setor prisional, que vao no sentido de ajudar na ressocializaçao dos presos. O governo so aumentou a repressao e prometeu aumentar o numero de vagas, o que sugere que teremos mais presidios super-lotados. Nenhuma palavra sobre o historico de fracassos da politica prisional do PSDB no estado. Nenhuma palavra sobre o trauma humanitario e a vergonha internacional que foi o massacre do Carandiru. A materia é pura propagadanda do governo Serra. Pior, mal escrita, com reproduçao de slogans vazios, como A palavra de ordem de Serra é disciplina. Que isso, meus Deus? A coisa fica mais ridicula se voce comparar o tratamento que a revista deu a operaçao da PF. Em vez de uma boa materia editorial sobre o fato de ser uma verdadeira frente de batalha contra a corrupçao, a revista tenta usar a operaçao para jogar cinzas sobre o governo. Diante de milhares de gravacoes escandalosas, milhoes em jogo, a revista centra fogo no barco emprestado ao governador Jacques Wagner, que convidou a Dilma Roussef. Ou seja, agora os integrantes do governo precisam ser visionarios. Precisam saber, antes da PF, antes de se encontrarem provas, se fulano ou tal empresa tem ou tera problemas de corrupçao. Todo mundo sabe que o Serra andou de beijos e abraços com os denunciados pela mafia das ambulancias. Isso nao tem problema, né? Essa gentinha do PT tem mais é que ficar enfiada em casa, sem falar com ninguem. Eh impressionante a perseguiçao da midia nacional a um partido politico. Tudo bem, ela é privada, faz o que quer. Mas perde credibilidade e incentiva a combatividade na blogosfera. C'est la vie.

A cara fica cada vez mais dura

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Não é mais cara-de-pau. É cara de aço. O site do UOL estampa a manchete: “Lula se diz preocupado com o alcance da operação [da PF]”

O título é do post de Josias de Souza, blogueiro conhecido como um dos mais inescrupulosos e obedientes cãezinhos de caça da família Frias, dona do grupo Folha de São Paulo.

A intenção é clara. Se você ler a matéria com atenção, vai entender que Lula está preocupado que os trabalhos do Congresso fiquem mais uma vez paralisados por causa da operação, em virtude da quantidade de parlamentares envolvidos nas gravações da Polícia Federal. O presidente está preocupado com votações importantes, de projetos de desenvolvimento, de reformas fundamentais para a aceleraçao do crescimento economico.

O UOL e Josias adotam um maquiavelismo muito mais maligno que pensaria Maquiavel. Uma pessoa inocente e um pouco estúpida, ou seja, os leitores que constituem o que, se eu fosse pedante, chamaria de a grande “massa ignara”, e que graças a Deus e justamente por esse tipo de armadilha, está deixando de acreditar na mídia e de ser tão ignara, ou seja, esses leitores mais desatentos, que entram no UOL para ler fofocas ou coisa parecida, lêem a manchete do UOL e o que pensam? Pensam que Lula está preocupado em também ser preso pela Polícia Federal!

Esse tipo de estratégia tem exercido uma grande lavagem cerebral em muita gente. Penso nas crianças, nos adolescentes, que constituem hoje talvez a maioria dos internautas. Eles são facilmente enganados. Felizmente, não por muito tempo. É por essas e outras que a blogosfera não pode descansar nunca.

Sorte que muita gente está atenta. Pesquei esse comentário de um leitor do Josias:

[David] [Cuiabá/MT/Brasil]
Josias, o que há de concreto é essa frase do Lula, “Não vamos perseguir ninguém, mas também não podemos proteger”. De resto, as supostas preocupações do Lula são apenas presunções suas ou de quem passou isso para você, não é mesmo? As preocupações dele devem ter "n" motivos, afinal, um presidente, qualquer um, deve estar sempre preocupado, motivos não faltam. O que preocupa mesmo é a forma que a imprensa quer direcionar as "preocupações" do Lula.

Estadao faz elogio neutro à PF

1 comentário

E claro, nao cita o nome de Lula nem uma vez. Como se o sucesso das operaçoes da PF fosse um acontecimento divino. Ja a Veja, revistou os milhares de fatos que relacionam uma mega-empresa com politicos e escolheu, é claro, a lancha emprestada para o governador da bahia. Petista, obvio. A empresa trabalha com governos federais, estaduais e municipais ha decadas. Ja emprestou lanchas, avioes, carros a centenas de politicos de todos os partidos, mas a imprensa nacional é a Corregedoria do PT. So vai em cima do PT. Digo e repito, nao sou petista. Quero que o PT amadureça e aprenda a brigar pra valer com a direita. Que seja corajoso. Que seja ético. Voto no PT assim como voto no PMDB, no PDT, no PCdoB, dependendo do candidato e da minha veneta na hora H. Mas nao sou imbecil de cair nessa ladainha lacerdista e hipocrita. O PT ficou grande demais para isso. Se até a Igreja Catolica tem seus padres pedofilos, é claro que o PT tem suas bandas podres. O importante é que agora temos uma Policia Federal eficiente, imparcial, dura, como esta mostrando, e como o proprio Estadao admite, muito tardiamente e sem citar os termos "governo federal", "Lula" ou "gestao petista", diferentemente do que acontece quando o editorial é critico, ou seja, 99% das vezes.

Abaixo o editorial do Estadao.

Operação Navalha (19/05/2007)

A Operação Navalha, deflagrada pela Polícia Federal, certamente será a ação repressiva da corrupção de maior repercussão política na história da administração pública brasileira contemporânea. Foi desbaratada, com incrível eficiência, uma megaorganização ramificada em níveis federal (pelo menos quatro Ministérios), estadual e municipal, envolvendo pessoas colocadas nos mais elevados postos - inclusive de governador de Estado e chefe de gabinete ministerial -, pertencentes aos partidos políticos mais importantes (PMDB, DEM, PDT, PT e PSDB), em amplas modalidades de práticas criminosas, tais como fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

Os recursos públicos desviados por essa máfia em apenas um ano - R$ 100 milhões - até parecem irrisórios ante as perspectivas que tinham de “faturar” com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a transposição do Rio São Francisco - obra com um orçamento de cerca de R$ 20 bilhões. Isso porque a Construtora Gautama, coordenadora do megaassalto aos cofres públicos, já se habilitava para participar daqueles programas governamentais. Certamente ainda devem vir à tona muitos outros “produtos” desse incrível manancial de bandalheiras, que já resultou em 48 mandados de prisão preventiva, 84 mandados de busca e apreensão e a prisão de 46 pessoas.

Sabe-se, até agora, que a grande quadrilha agiu em projetos do programa Luz para Todos, de saneamento e na construção de estradas e pontes. Desviava recursos dos Ministérios de Minas e Energia, Integração Nacional, Cidades, Planejamento, além do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit). Chefiado pelo sócio-diretor da Gautama - Zuleido Soares Veras, preso na operação -, o esquema envolvia uma rede de empregados, sócios e lobistas que cooptavam funcionários públicos de diversos escalões nas esferas federal, estadual e municipal. Chegou a governadores e prefeitos, empresários e servidores do mais alto escalão - como um chefe de gabinete ministerial. Os tentáculos dessa enorme máfia se espalharam por nove Estados, além do Distrito Federal - Bahia (de onde se originou a Gautama), Sergipe, Alagoas, Maranhão (onde mais se disseminou), Mato Grosso, Piauí, Goiás, São Paulo e Pernambuco. Envolveram também os municípios de Camaçari (BA) e Sinop (MT). Entre seus métodos de aliciamento estavam o custeio de viagens de autoridades e generosos presentes, como carros de luxo, além da oferta direta de dinheiro.

Por ordem da ministra Eliana Calmon de Sá, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foram presos, entre outros, o deputado distrital Pedro Passos (PMDB-DF), o chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia, Ivo Almeida Costa, o diretor-presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), Roberto Figueiredo Guimarães, o ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares (PSB), o superintendente de Produtos de Repasse da Caixa Econômica Federal, Flávio José Pin, o conselheiro do Tribunal de Contas de Sergipe, Flávio Conceição de Oliveira Neto, o ex-deputado José Ivan de Carvalho Paixão (licenciado do PPS), cinco secretários do governo de Alagoas e dois sobrinhos do atual governador maranhense, Jackson Lago (PDT). A prisão desse governador foi pedida pela Polícia Federal, mas negada por motivos processuais. Por aí se tem idéia da capilaridade exponencial do esquema, que deitou raízes em todos os níveis da administração.

Geralmente, quando surgem os grandes escândalos desse tipo, este ou aquele partido ou grupo político busca transformá-los em bandeiras éticas contra seus adversários. No caso da Operação Navalha, que é uma espécie de escândalo dos sanguessugas ampliado - já que abrange muito mais do que falcatruas com ambulâncias superfaturadas e se refere a contratos de muito maior vulto e até mesmo a recursos recebidos por obras inexistentes -, difícil será a mera exploração política, porque grupo político algum pode se sentir a salvo. É tal a amplitude do esquema que sempre há a possibilidade de um parente, correligionário ou amigo dileto estar envolvido. Então, só resta aos integrantes de toda a classe política apoiar, com firmeza, a maior transparência e rigor nas apurações, para evitar os respingos do lamaçal que a Polícia Federal apenas começa a revolver.

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Rapidamente. So falou o Estadao usar a expressao "nunca nestepaiz a PF foi tao boa", hehe. Outra: que acharam do "incrivel eficiencia"? Bem, com isso, o Estadao entra em contradiçao com muita coisa escrita antes e quiça a ser escrita nos proximos dias. A pergunta que nao quer calar: por que a PF na epoca de FHC nao fazia merda nenhuma e agora faz?

18 de maio de 2007

Muito mau-caratismo

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Pesquei essa nota abaixo no blog do Noblat. É demais. Muita mesquinharia. Quer dizer que comprar caças não seria uma aquisição para o Estado brasileiro? Não seria um reaparelhamento de nossas forças armadas, de forma a permitir que a nossa Força Aérea possa realizar uma defesa e uma vigiliância mais adequada de um território de proporções monstruosas como o Brasil? Não. Esqueçam todo esse patriotismo tacanho. O governo comprará caças para “afagar” a Aeronáutica. Razão: as relações ficaram desgastadas com o “Apagão Aéreo”.

A nota:

Para afagar a Aeronáutica, governo vai comprar caça
Do Jornal do Brasil, hoje:
"São José dos Campos.A tensão entre Comando da Aeronáutica, Ministério da Defesa e Presidência da República, provocada pela crise no setor aéreo, receberá uma boa dose de calmante. Desenvolvido para a aquisição de caças supersônicos e paralisado desde 2003, o Programa FX será retomado nos próximos meses. Ou, no mais tardar, no começo de 2008. O assunto é tratado com sigilo e cautela pelos militares. Não é à toa. Afinal, não é a primeira vez que o governo autoriza a retomada das negociações, jamais concluídas."



Assim não dá. A nossa imprensa vê tudo com óculos especiais, que filtram qualquer informação, mesmo a mais insuspeitável, tornando-a desfavorável ao governo Lula. A coisa chegou a um grau de paranóia que vai deixar qualquer brasileiro louco.

Saca só a frase do dia que o Noblat escolheu para estampar no cabeçalho de seu blog:

“Desconfio que é falso esse novo escandalo. Não vi nenhum dos presos com letras dobradas no nome.... Cadê os Lorenzettis, Burattis, Pallocis, Barchettis, Balbinottis, Polettos e que tais?”
Emanuel Rego Lima, leitor do blog, sobre as ultimas operaçoes da Policia Federal

Que tipo de frase mais idiota e incongruente é essa, meu Deus? Não foi a PF que prendeu os Burattis, os Lorenzettis? Pior: a frase é insana, por motivos óbvios, mas porque Noblat a escolheu? Claro, porque o “campeão da ética” Noblat é incapaz de fazer um elogio a uma ação da Polícia Federal (mais uma entre dezenas), que está prendendo gente graúda, políticos, funcionários públicos, policiais, empresários.

E este é apenas um exemplo. A imprensa está plena deste tipo de má vontade desonesta e tendenciosa. O Mainardi tem um postcasd dele na Veja que fala que, se o Alckmin ganhasse, seria muito chato, eles (inclui toda a Veja na história) ficariam sem assunto. Ora veja, ele admite que a sua postura crítica, e da revista, é uma pura vendeta passional.

O Estadão, a mesma coisa. Seus editoriais estão ficando cada vez mais encarquilhados, ranzinzas, mau humorados. A oposição apenas pensa em CPI do Apagão Aéreo, ridiculamente instalado em duplicata, no Congresso e Senado, como se os parlamentares não tivessem mais nada de importante para fazer, atiçados que foram pela imprensa.

Enquanto isso, o livro do Nassif, que fala da grande corrupção verificada no governo FHC, por ocasião da maxi-desvalorização de 1999, que aconteceu logo após, é bom lembrar, da vitória nas eleições, garantida pela manutenção artificial do câmbio, enquanto isso o livro de Nassif tem esgotado edições, mas sem repercussão na mídia, que tenta abafar o escândalo. FHC articulou uma re-eleição em pleno mandato, sem fazer plesbiscito popular, e comprando parlamentares. Isso sim foi um escândalo. Outra: a PF teve atuação menos que medíocre durante o governo FHC. Agora sabemos que a PF foi simplesmente amordaçada durante o governo FHC. Cortaram verbas, pessoal, de maneira que o governo FHC contribuiu magnificamente para a proliferação da corrupção no país. Ninguém vê isso?

Onde estão os campeões da ética para elogiar a ação da PF? Falaram tanto da corrupção generalizada no Brasil e agora, quando temos operações modelo de combate à corrupção, os colunistas silenciam? Pior: publicam frases estúpidas como aquela escolhida por Noblat?

Não, não vou falar mal do Brasil. Não caio mais nessa, de dizer: ah, esse Brasil não tem jeito. Sei muito bem o valor que tem o Brasil. Essas ações da PF mostram um Brasil mudando. Não vê quem não quer, ou quem considera tudo com filtro ideológico ou com uma estética fingida. Quem acha que tudo isso não afeta em nada a sua vida (alienados), ou ainda alguns tolos que preferem um Brasil eternamente no lodo para poder transferir a sua própria mesquinhez para a nação.

Só posso mesmo concordar com o Paulo Henrique Amorim, trata-se de uma mídia golpista, alimentada por muita alienação, muita burrice, muito mau-caratismo.

16 de maio de 2007

Uma matéria minha no Portal Literal

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Ler aqui.

14 de maio de 2007

Bom artigo sobre o etanol

2 comentarios

Eu sou fa do Bertolino, um comunista como poucos, pragmatico e inteligente. Esse artigo sobre o etanol é uma pérola.

12 de maio de 2007

Discutindo com o Papa

3 comentarios

Esse colunista da Veja foi contratado para tentar trazer um pouco de bom senso à revista. Li algumas de suas colunas e constatei que, depois de um começo bom, ele se retraía perante o estilo violento e radical de seus coleguinhas Mainardi e Azevedo. Nesta coluna, ele aborda as polêmicas levantadas pelo papa, e consegue a proeza de aventar uma porção de lugares comuns, generalizando mediocremente opiniões, e não dizer nada.

Particularmente, me desagradou o seu raciocício de que a autoridade do Papa é absoluta na Igreja Católica. Ou seja, se ele condena o uso do preservativo, eu, católico, não devo usar preservativo.

Ora, a grande revolução trazida pela cristandade, e o catolicismo è uma religião fundamentalmente lastreada sobre as idéias de Cristo, é justamente o livre arbítrio, a independencia de espirito.

Além disso, diferentemente de outros profetas, Jesus bebia vinho, participava (e patrocinava, com seus milagres) de grandes ceias, gostava de dançar, e solidarizou-se com Madalena, a prostituta. Tenho certeza que Jesus não condenaria o uso do preservativo. As palavras de Cristo são plenas de bom senso, exortação à paz, ao senso de justiça social. Me dá nos nervos ver gente que se pretende grandes defensores do catolicismo no Brasil pregando o valor do “ódio”, como faz um Olavo de Carvalho, ou simplesmente exibindo descaradamente preconceitos contra pessoas humildes, como faz o Reinaldo Azevedo. Esse papa, que Deus me perdoe e que o tenha, um dia vai pro céu, ou para outro lugar mais escuro, e outro papa assumirá a posição. O catolicismo continua, podendo evoluir ou decair. Tenho pra mim que o catolicismo deveria se modernizar, permitindo o casamento entre os padres e ordenando também mulheres. Porque mulher não pode ser padre?

Outra coisa, com tantos padres pedófilos por aí, qual a moral do Papa em ficar exortando os católicos a não fazerem amor nem fora nem dentro do casamento? Será que o Papa não sabe que a humanidade está plena de problemas sexuais e que uma boa transa, saudável, segura, è a melhor solução para uma pessoa ser boa, respeitadora dos outros e de Deus?

Sou católico, mas me considero da vertente revolucionária: a favor de tudo que a Igreja proibe, preservativos, aborto, eutanásia, maconha, sexo livre antes do casamento, etc.

Abaixo o texto do Petry, que me inspirou este artigo:

A Igreja é chiclete?

Por André Petry na VEJA deste fim de semana:

"É sempre bom lembrar que a plena liberdade de culto contempla a liberdade de qualquer culto, inclusive nenhum

Durante a visita do papa, trataram a Igreja Católica como chiclete, puxando-a para todos os lados. Os católicos, enlevados com a presença do papa, voltaram a defender o de sempre: que a doutrina da Igreja vire política de estado. Puxando a Igreja para lá, condenam a camisinha, o aborto, o divórcio, o casamento gay – e querem que suas condenações morais sejam válidas para todos os brasileiros, e não apenas para os católicos. Chiclete para um lado.

Os que discordam disso tudo tentaram fazer com que a Igreja Católica deixe de ser o que é – uma igreja, com seus dogmas e doutrinas, suas crenças e suas verdades. Puxando a Igreja para cá, querem que ela autorize o aborto, libere o uso da camisinha, aprove o divórcio, concorde com o casamento gay – para todos os brasileiros e, inclusive, para os católicos. Chiclete para o outro lado.

Está tudo errado. Certo mesmo seria que, num estado laico e com liberdade de culto, cada lado pudesse viver segundo suas convicções. Portanto, está certo o papa quando defende a excomunhão de políticos que aprovam o aborto. O PPS chegou a divulgar nota criticando a postura supostamente autoritária do papa. Não é autoritária. O deputado José Genoíno, que começa a voltar à luz depois de ser abatido pelo mensalão, acha que é uma posição intolerante. Também não é. É apenas uma posição da Igreja Católica válida para os católicos. "O direito de matar um inocente, uma criança humana, é incompatível com estar em comunhão com o corpo de Cristo", disse o papa. Eis a palavra do representante do Deus dos católicos na Terra. É simples. Quem concorda vive segundo esses ensinamentos. Quem não concorda tem o direito de rezar em outra freguesia ou de não rezar em freguesia alguma.

O outro problema é quando o chiclete espicha para o outro lado – e a Igreja Católica não se contenta em falar apenas ao seu rebanho. É contra o aborto? Nenhum problema. Que oriente seus fiéis para que jamais o façam. Em vez disso, a Igreja Católica quer que o estado brasileiro mantenha uma proibição legal que atinge a todos... É contra o uso da camisinha, pois, segundo a clarividência divina de dom Geraldo Majella, ela incentiva "a criança, o adolescente" à "promiscuidade"? Nenhum problema. Peça aos seus fiéis, "a criança, o adolescente", que se abstenham de usá-la. Em vez disso, a Igreja Católica quer que o governo brasileiro suspenda a distribuição de camisinha nos postos de saúde para todos os brasileiros... Não gosta que os adolescentes "fiquem", pois, segundo a infinita elegância de dom Dimas Lara Barbosa, as meninas que o fazem se comportam como "garotas de programa"? Nenhum problema. Basta orientar suas meninas a não se comportarem como "garotas de programa". O raciocínio vale para tudo. Casamento gay, eutanásia, divórcio. Quando não é assim, fica parecendo que a Igreja não confia na sua capacidade de convencer seus fiéis e precisa transformar seus pontos de vista em obrigação legal para todos.

É sempre bom lembrar que a plena liberdade de culto, que a Igreja Católica tão corretamente defende, contempla a liberdade de qualquer culto, inclusive nenhum".

11 de maio de 2007

Papa faz mídia ficar doidona

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Esta visita do Papa ao Brasil e seu encontro com Lula deixou os críticos mais duros do governo em situação apertada. Fiquei me perguntando como o Globo faria com as imagens de Lula ao lado do Papa. Bem, o jornal resolveu o dilema estampando o Serra, governador de São Paulo, na mesma foto.

Mas o buraco foi bem mais fundo. A mídia continua tentando de todas as formas criar uma imagem satânica. A manchete gêmea da Folha e Globo, dizendo que “Papa apóia excomunhão de políticos pró-aborto” foi o mico do século. Não apenas por repetir a manchete e a foto, indicando a homogeneidade enjoativa dos jornalões, mas sobretudo pelo posicionamento ridiculamente pró-papa, ainda mais numa questão dessas.

Aliás, durante todo o tempo em que o debate sobre o aborto rolou na imprensa, esta se colocou notavelmente em favor do lado conservador. No minimo, a nossa imprensa, que se arvora como liberal, deveria ser mais imparcial neste assunto, ainda mais considerando as milhoes de mulheres que morrem por ano em consequencia de abortos clandestinos.

Por incrivel que pareça, fui encontrar uma posiçao mais lucida num artigo daquele boçal do Larry Rother, que escreve para o NYTimes e coligados (li no Herald Tribune). Ele cita os segmentos sociais, ligados à setores conservadores da Igreja Catolica, que fizeram protestos contra as campanhas do governo pelo uso do preservativo, e lembra que essas mesmas campanhas foram premiadas internacionalmente e ajudaram a reduzir fortemente as taxas de contaminaçao de Aids no Brasil. Durmam com essa: até o Larry Rother fica a favor de Lula, mas a nossa imprensa nao, prefere o Opus Dei.

Quero deixar bem claro aqui. Sou a favor do aborto. Acho que a mulher tem o direito de optar se quer aquele filho ou nao. Para mim, a vida humana inicia somente a partir da formaçao do cerebro, com dois meses ou mais.

Hoje a Miriam Leitão, pela primeira vez em anos, se manifesta a favor do governo, denunciando como obscurantismo o cerco que a imprensa, incluindo o próprio jornal em que trabalha, fez sobre o ministro, por causa de suas declarações super sensatas sobre o aborto, dizendo que se trata de uma questão de saúde pública, etc. Entretanto, a Leitão me irritou mesmo assim. Primeiro, deveria ter falado da condenação que o Vaticano faz do uso da camisinha. Aliás, quer saber. Para mim, ela nem devia ter comentado nada sobre isso. Devia era ter comentado a manchete do caderno de economia que fala do Brasil estar a um passo de alcançar o investment grade, que seria um passo importante para o país receber um grande volume de investimentos estrangeiros. Se o governo Lula é tão incompetente porque o Brasil está avançando tão firmemente na avaliação dos principais organismos financeiros internacionais?

Como eu previa, a imprensa está abafando ao máximo a repercussão do livro do Luis Nassif, que fala do escândalo da grande desvalorização de 1999, que provocou um rombo de bilhões nas contas públicas nacionais. Nassif acusa, com provas, que as autoridades governamentais comportaram-se ilicitamente neste caso. Trata-se de um escândalo do campo da economia, ou seja, no campo da Miriam Leitão. Mas ela não fala disso. Nem ela nem ninguém na Folha, no Estadão, em lugar nenhum. Ninguém quer saber de nada que possa prejudicar o PSDB.

O Globo, que sempre defendeu maior controle sobre as greves do funcionalismo público, só porque o governo está tentando fazê-lo, agora não mais o apoia. Eu apoio, eu acho que o funcionalismo publico deve ter seu direito de greve garantido, mas regulado, até para não desmoralizar o próprio funcionalismo e a greve em si. E o Globo estampa foto na página 3 de um cidadão vestindo uma camisa onde se lê: Polícia Federal traída por Lula. È muita malícia. A Globo nunca publicou os dados que mostram o incrível aumento dos investimentos, em pessoal, em aparelhos, em recursos, de Lula na Polícia Federal. Nunca escreveu editorial elogiando o governo por ter recuperado o prestígio da PF, que nos governos anteriores não prendia ninguém ou tinha atuação medíocre. E agora vem com essa foto, em tamanho gigante, muito pouco informativa, que diz somente a uma querela sindical muito específica. O que acontece é que as pessoas pouco informadas, sobretudo as crianças, ficam com uma imagem equivocada do que acontece.

Sarkosy e o mito da esquerda perfeita

A eleição de Sarkozy está reverberando profundamente no mundo inteiro, sobretudo nos países onde ainda existem esquerdas fortes, como Brasil, Itália e a própria França, e onde os grupos financeiros que dominam setores importantes da imprensa mantém uma batalha diária para impor sua ideologia. No Brasil, o Merval Pereira escreveu um artigo hoje louvando Sarkosy. Um artigo muito vazio, escrito apenas para falar de uma direita “desassombrada”, ou seja, um artigo do tipo auto-ajuda para a direita nacional.

Uma vitória não se esgota após a batalha final vitoriosa. As consequências dessa vitória e a perseguição aos exércitos vencidos são fundamentalmente importantes. È isso que a direita vem fazendo, tentando maximizar os efeitos da eleição francesa. Por mim, acho que a esquerda deve mesmo rever alguns valores, alguns discursos. Não sou nenhum esquerdista fanático. Não acredito em perfeição e acho uma bobagem considerar a esquerda um valor positivo em si. A esquerda precisa mesmo reconstruir uma ideologia mais segura de si, mais lúcida no sentido de compreender o mundo, o ser humano e a economia mundial.

Por exemplo, existe uma grande confusão entre o discurso e a prática. Sempre fui um defensor de Chávez, por exemplo, sobretudo durante a crise política que viveu aquele país, mas permitam-me críticas a ele. Ninguém é santo. Não é porque um sujeito vocifera contra os Estados Unidos que ganha minha admiração automática. Pelo contrário, acho que o Chávez é um grande desastrado na questão da política externa, principalmente na relação com os EUA. Ao vociferar ameaças e bravatas contra os EUA, ele coloca em risco militar o povo de seu país, danifica o comércio do povo de seu país com as empresas americanas e, enfim, cria um fator de instabilidade em todo o continente sul-americano. Não é necessário fazer isso. Outra coisa. Esse tipo de discurso radical afastou milhões de empreendedores venezuelanos, prejudicando seriamente a geração de empregos no país. A partir do momento em que Chávez sabe que não está criando um comunismo estatal, onde o Estado é proprietário de tudo, o que não é sua intenção, creio eu, a sua estratégia tem sido muito nociva à Venezuela, porque se trata de um país com um baixo nivel de industrialização, que precisaria portanto incentivar a iniciativa industrial privada, e não de assustá-la e afastá-la.

Em relação ao Lula, continuo achando que ele está no caminho certo. Os índices econômicos e sociais apontam avanço extraordinário. Faltava cuidar da educação, e os novos investimentos prometidos para o setor devem provocar uma boa melhora. A questão econômica é fundamental para melhorar o nível cultural, e não creio que uma ingerência direita do Estado na educaçao seja saudável. Aumentando os salários dos professores e garantindo mais recursos para as escolas, teremos um excelente progresso. Triste mesmo è a falta de cobrança, por parte da imprensa, de um maior empenho de prefeituras e governos estaduais no setor da educação. Li hoje que o governo de SP fechou dezenas de centros culturais no Estado. Li na Agência Carta Maior, porque os jornalões prosseguem altamente seletivos quanto a este tipo de notícia. O paraíso islâmico de de todo político é ser governador de SP e fazer parte do PSDB.

Reinaldola X Lula

Por fim, registro aqui o impressionante espetáculo de histeria do colunista-blogueiro da Veja por ocasião da visita do Papa ao Brasil. Sendo um papista fanático, o Tio Fedorento entrou em curto-circuito vendo Lula e o Papa confraternizarem. Azevedo critica cada minimo detalhe do comportamento de Lula frente ao Papa. Como pode alguém gastar tanta energia em ninharias? Por exemplo, escreve centenas de palavras babando ira contra a presença de Marisa na reunião de Lula com o Papa. Acontece que o Papa justamente elogiou o fato de Lula trazer sua mulher, dizendo que seria um sinal de valorização da família. Azevedo diz que foi “só por educação”. Que isso quer dizer? Está chamando o Papa de mentiroso? Ás vezes, imagino que Azevedo deve ter pesadelos eróticos com Lula. Mas não vou ficar aqui comentando as bravatas de Azevedo. Lembro da sugestão de Virgílio à Dante (na Divina Comédia) quando passavam diante de certo tipo de condenados especialmente desprezíveis: "guarda e passa". Olho rapidamente e sigo adiante.

9 de maio de 2007

Globo Opus Deis

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Impressionante e triste como a Globo ficou Opus Dei. Com a visita do Papa, o Globo entra em polvorosa. E o Jabor não fala mal da Igreja Católica nem do Papa, claro, só dos evangélicos. Sabe de uma coisa? Deu vontade agora de defender os evangélicos. Agora tem essa polêmica do aborto, que o Globo e outros procuram usar para atacar o governo. Particularmente, eu sou a favor do aborto, em todas as formas e circunstâncias. Acho que muitas garotas teriam suas vidas melhoradas se pudessem optar por não ter filho antes do tempo previsto. Acho que vida começa depois que o bebê nasce, ou então, va lá, depois que o cérebro se forma, após os 2 ou 3 meses de gravidez.

Sinto saudade de um Eça de Queiroz, esse sim que se colocava bem contra a Igreja.

Eu sou católico, mas tenho vergonha desse Papa e desse segmento reacionário da Igreja. Não me representam, nem representam a palavra de Cristo. Por exemplo, o Papa proibir o uso de preservativo, nem na África, para mim é um comportamento criminoso, do tipo que a Igreja ainda vai pedir desculpas no futuro, como aconteceu com a Inquisição. E esse segmento da Igreja no Brasil, que é contra as campanhas pelo uso de camisinha no Brasil estão indo na mesma linha, com ajuda dos jornais, que entraram numa paranóia tão absolutamente anti-lula que estão perdendo até o pouco de bom-senso liberal que possuíam.

Outra da Globo é vir querer se meter na política francesa. RIDÍCULO. Na seção internacional, a Globo me vem com um editorializinho incitando o governo francês a reprimir as manifestações contra Sarkozy. Sou contra manifestação violenta, ainda mais nesse caso, mas a Globo querer dar lição política à França é a coisa mais ridícula do mundo. Eu compreendo o desespero dos descendentes de imigrantes franceses. Sarkozy é o cão chupando um kebab. Sua política anti-imigrante é completamente imbecil, retrógrada e brutal. Dizem que ele é filho de imigrante. Tá bem. Ele é filho de um aristocrata polonês ou coisa parecida que imigrou por causa do comunismo. Está explicado porque é um histérico de direita. Mas é bem diferente de compará-lo com os milhões de imigrantes e descendentes que vivem na França, sem sangue azul, sofrendo precoceitos de um país que tanto contribuiu para Africa e Oriente Médio viverem o desastre econômico político, social e econômico que viveram. A Segolene havia prometido ajudar a Africa. Sarkozy não. Esse é o grande mal dele ter ganhado. Geopoliticamente, um desastre para o mundo.


E por falar em geopolítica, leiam a última coluna da Marcia Denser, em que ele fala do filme Syriana e do texto do meu amigo André Lux.
PS: Em tempo, interessante entrevista com o Lula ao Bob Fernandes, da Terra Magazine.

7 de maio de 2007

Quebrando o gelo

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Residi quatro meses na França, de novembro último a março deste ano, e acompanhei o processo eleitoral. A esquerda francesa não morreu com a derrota de Segoléne. Ao contrário, a esquerda deu uma grande demonstração de força. A elite financeira européia não esperava que a esquerda francesa chegasse tão perto. Agora, é preciso compreender que a França, de fato, tem um problema grave entre seus jovens, que não querem mais trabalhar. Grande parte espera completar dezoito anos para começar receber mesada do governo. Desempregados ganham mais que empregados em função simples. A esquerda não soube responder a isso com a lucidez necessária.

Os grandes perdedores desta eleição francesa, realmente, são os imigrantes, milhões que vivem e trabalham na França, alguns há décadas, mas que não tem direito ao voto, uma distorção que deveria ser corrigida. Derrota porque a politica sarkoziana para os imigrantes é brutal, preconceituosa, contra-producente, policialesca, aumentando uma fratura social já profunda entre nacionais e estrangeiros.

Na Itália, a esquerda no poder está quase conseguindo aprovar uma lei que dará direito de votos aos imigrantes estabelecidos legalmente, uma inovação que poderá se disseminar em toda Europa, amortizando a revolta desses segmentos, causada em parte por se sentirem excluídos do sistema democrático, marginalizados cidadãos de segunda classe, apesar de trabalharem tanto ou mais que os “patrícios”.

A direita francesa levou um susto muito grande e, se não quiser sumir do mapa em alguns anos, como aconteceu com o PFL brasileiro, por exemplo, terá que amenizar algumas de suas propostas mais radicais.

Necessário explicitar que a vitória de Sarkozy ecoa bastante melancolicamente pela França. Uma vitória de Segonele despertaria as ruas de Paris. Com Sarkozy, temos, no máximo, um registro de soirées regadas à champagne e caviar nos edifícios de luxo.

A questão do tempo de trabalho, limitado na França a 35 horas por semana, acabou se tornando uma grande armadilha para a esquerda francesa, visto que o país tem uma gigantesca micro burguesia prejudicada por esse tipo de legislação, e outra massa enorme de trabalhadores estrangeiros, empurrados para a informalidade também em função desse tipo de lei, e os quais, de qualquer forma, possuem uma cultura de vida totalmente voltada ao trabalho e não compreendem restrições como essa, que criminalizam o trabalho, ou que o vêem como obrigação desagradável.

A Segoléne prometia reformar, para o bem, a legislação trabalhista francesa, mas não conseguiu transmitir credibilidade neste ponto. A esquerda francesa ficou com a pecha de conservadora, de defensora do status quo, enquanto a direita prometeu mudanças e modernização. Uma derrota deve ser sempre analisada e digerida com inteligência e humildade, para ser transformada em algo positivo. Entretanto, é preciso olhar as coisas também por seu lado bom. Um novo socialismo está nascendo e se consolidando na Europa. Na Itália, a esquerda está no poder, com Romano Prodi na liderança e vem fazendo um bom governo, na opinião de alguns italianos bem informados com quem tenho conversado. Bem diferente do caos institucional que representou os anos Berlusconi. Prodi liderou um processo de união das esquerdas italianas com o centro, mais ou menos o que o PT fez com o PMDB e que Segoléne tentou fazer, infelizmente muito tarde, com o centro francês. Mais importante: a esquerda européia vem se organizando e ganhando força continentalmente, construindo aos poucos uma massa crítica, teórica, moral, filosófica e mesmo artística. Na literatura, por exemplo, oargeliano Yasmina Khadrab recupera o prestígio do romance narrativo francofônico, superando em parte a dicotomia história X linguagem que beneficiou somente o último elo da equação, contribuindo para o alienamento das classes intelectuais, narcotizadas com uma literatura cada vez mais hermética, egoísta, vazia e, por isso, mesmo, elitizada. No Brasil, ainda nos ressentimos da ausência deste tipo de romance.

Este novo socialismo vem se reconstruindo ideologicamente, de uma forma muito espontânea, conquistando governos importantes, como Espanha, Itália, e quase ganhando a França.

Política brasileira

No Brasil, temos uma oposição perdida, sem propostas, sem esconder uma excitação doentia com o início da CPI do Apagão Aéreo. Esqueceram do fiasco político que representou as últimas CPIs, em que os parlamentares mais escandalosos, embriagados com o espaço que ganharam em jornais, sofreram estrondosos (e merecidos) fracassos eleitorais. Não aprendem com a derrota. Poderiam estar fazendo uma oposição saudável, propositiva, propondo alguma coisa útil ao país, mas não, preferem continuar batendo na mesma tecla, ainda iludidos com o apoio ridículo que recebem dos setores golpistas da imprensa.

O mais recente capítulo da novela lacerdista de nossa imprensa golpista é sua campanha contra a quebra de patentes dos remédios contra Aids. Lembro que houve uma época em que circulou a informação errada que o Serra tinha feito isso. A imprensa louvou a atitude dura do então ministro da Saúde, que ameaçou quebrar as patentes mas acabou se satisfazendo com a redução dos preços, o mesmo que ocorreu no primeiro governo Lula. Agora, finalmente, a patente foi quebrada. O Brasil vai poder aumentar a produção e exportar remédios, inclusive para África, a preços mais humanos. A mídia entende quando os EUA fazem isso: os EUA quebraram sem hesitar as patentes dos produtos que combatem o Antraz, a terrível bactéria usada como arma química. Agora, digam-me, o que vem matando mais gente: Aids ou Antraz? Alguém lembrará disso na imprensa?

Notícia pescada na net: "O Laboratório Farmacêutico de Pernambuco, Lafepe, em parceria com o Instituto de Tecnologia de Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, produzirá 30 milhões de unidades do remédio até o final do ano. Com a iniciativa, o medicamento terá o custo reduzido em até 40%. O produto será distribuído pelo Ministério da Saúde para todo o país como parte do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids."

Não aprendem

Essa oposição cega e desvairada da imprensa resulta apenas na perda de credibilidade da própria e uma blindagem do governo que não ajuda o governo, visto que seria interessante uma imprensa imparcial que criticasse o governo de maneira justa e pontual, contribuindo para o funcionamento dos serviços públicos.

Na vizinhança

Também tem sido muito interessante acompanhar a grita dos editorialistas tupis contra Chávez e Evo Morales. Nunca ouvi falar que os nossos jornais tenham se preocupado com os antigos governos tenebrosos, corruptos e incompetentes de Venezuela e Bolívia. Foram décadas e décadas de corrupção, miséria e submissão aos interesses estrangeiros e nossa imprensa nunca deu atenção a nossos vizinhos.

Na Europa e no mundo inteiro, embora ainda muito mal informados, Chávez e Morales são admirados, não apenas pela esquerda histórica, geralmente formada por minorias fragmentadas, mas por esta enorme corrente política, presente em toda parte, que podemos chamar “centro nacionalista”, que sempre admira lideranças que defendem os interesses de seus próprios países.

4 de maio de 2007

Governo Lula decide quebrar patente de remédio anti-Aids

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu autorizar o licenciamento compulsório do remédio Efavirenz, o que, na prática, representa a quebra da patente do medicamento. A decisão, que segue recomendação do Ministério da Saúde, será anunciada hoje em cerimônia às 12h no Palácio do Planalto.

Ver noticia completa.

3 de maio de 2007

Elegia

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(um dos poemas que mais gosto do Drummond)


Ganhei (perdi) meu dia.
E baixa a coisa fria
também chamada noite, e o frio ao frio
em bruma se entrelaçam, num suspiro.

E me pergunto e me respiro
na fuga deste dia que era mil
para mim que esperava,
os grandes sóis violentos, me sentia
tão rico deste dia
e lá se foi secreto, ao serro frio.

Perdi minha alma à flor do dia ou já perdera
bem antes sua vaga pedraria ?
Mas quando me perdi, se estou perdido
antes de haver nascido
e me nasci votado à perda
de frutos que não tenho nem colhia ?

Gastei meu dia. Nele me perdi.
De tantas perdas uma clara via
por certo se abriria
de mim a mim, estrela fria.
As arvores lá fora se meditam.
O inverno é quente em mim, que o estou berçando
e em mim vai derretendo
este torrão de sal que está chorando.

Ah, chega de lamento e versos ditos
ao ouvido de alguém sem rosto e sem justiça,
ao ouvido do muro,
ao liso ouvido gotejante
de uma piscina que não sabe o tempo, e fia
seu tapete de água, distraída.

E vou me recolher
ao cofre de fantasmas, que a notícia
de perdidos lá não chegue nem açule
os olhos policiais do amor-vigia.
Não me procurem que me perdi eu mesmo
como os homens se matam, e as enguias
à loca se recolhem, na água fria.

Dia,
espelho de projeto não vivido,
e contudo viver era tão flamas
na promessa dos deuses; e é tão ríspido
em meio aos oratórios já vazios
em que a alma barroca tenta confortar-se
mas só vislumbra o frio noutro frio.

Meu Deus, essência estranha
ao vaso que me sinto, ou forma vã,
pois que, eu essência, não habito
vossa arquitetura imerecida;
meu Deus e meu conflito,
nem vos dou conta de mim nem desafio
as garras inefáveis: eis que assisto
a meu desmonte palmo a palmo e não me aflijo
de me tornar planície em que já pisam
servos e bois e militares em serviço
da sombra, e uma criança
que o tempo novo me anuncia e nega.

Terra a que me inclino sob o frio
de minha testa que se alonga,
e sinto mais presente quando aspiro
em ti o fumo antigo dos parentes,
minha terra, me tens; e teu cativo
passeias brandamente
como ao que vai morrer se estende a vista
de espaços luminosos, intocáveis:
em mim o que resiste são teus poros.
E sou meu próprio frio que me fecho
Corto o frio da folha. Sou teu frio.

E sou meu próprio frio que me fecho
longe do amor desabitado e líquido,
amor em que me amaram, me feriram
sete vezes por dia em sete dias
de sete vidas de ouro,
amor, fonte de eterno frio,
minha pena deserta, ao fim de março,
amor, quem contaria ?
E já não sei se é jogo, ou se poesia.

Carlos Drummond de Andrade